ESTUDO APONTA NOVO COQUETEL QUE REDUZ RISCO DE MÃE TRANSMITIR HIV PARA BEBÊ


Estudo aponta novo coquetel que reduz risco de mãe transmitir HIV ao bebê




São Paulo, 21 de agosto de 2012.
Após dez anos de pesquisa, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com a Universidade da Califórnia (Ucla), realizado na África do Sul, Argentina, nos Estados Unidos e no Brasil, aponta que a combinação de dois ou três antirretrovirais diminui o risco de mães portadoras do vírus HIV contaminarem seus bebês recém-nascidos. A pesquisa foi publicada na revista científica The New England Journal of Medicine.
O protocolo até então adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para evitar a chamada transmissão vertical, quando o vírus vai da mãe para o bebê durante a gestação, era iniciar o tratamento do recém-nascido com o antirretroviral AZT em até 48 horas depois do parto. Essa medida reduz o risco de contaminação da criança para 5%.
Uma das coordenadoras gerais da pesquisa, a médica infectologista Valdiléa Veloso, diretora do Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz), explica que participaram do estudo mulheres que não sabiam da condição de soropositivas durante a gestação e descobriram a doença pouco antes do parto. Portanto, não foram tratadas com o AZT durante a gravidez.
"Para essas crianças cujas mães são diagnosticadas muito tardiamente, dando uma combinação de medicamentos, em parte, compensa-se o tratamento da mãe que não foi feito. Assim, se consegue proteger melhor essas crianças", explicou Valdiléa Veloso.
A pesquisa
A pesquisa foi realizada com 1.684 crianças, separadas em três grupos. O primeiro foi tratado apenas com o AZT. O segundo grupo recebeu AZT e nevirapina. O terceiro grupo recebeu AZT, nelfinavir e lamivudina. Em todos os casos, a primeira dose foi ministrada nas primeiras 48 horas de vida da criança, e o tratamento durou seis semanas.
O resultado mostrou que 140 bebês foram contaminados antes do tratamento, sendo 97 durante a gestação e 43 no parto. Três meses depois do tratamento, 4,8% dos bebês que tomaram apenas AZT tinham sido contaminados. Entre os que receberam dois medicamentos, o índice caiu para 2,2% e, entre os que tomaram a combinação de três antirretrovirais, a taxa de contaminação ficou em 2,8%, sendo essa terapia a mais tóxica.
A pesquisadora lembra que filhos de mães soropositivas tratadas durante a gestação já apresentam menos de 1% de chance de serem contaminados. Sem o tratamento, o risco chega a 25% e sobe para 40% no caso da mãe amamentar a criança.
Valdiléa lembra que o protocolo de prevenção e tratamento da aids no Brasil existe desde 1994, mas nem sempre é seguido. "Infelizmente, nem todas fazem o pré-natal, nem todas que fazem o pré-natal fazem o teste, nem todas que fazem o teste recebem o resultado a tempo de serem medicadas, nem todas que são indicadas para o tratamento dão continuidade ao tratamento durante o pré-natal. Então, a gente vai perdendo um pouquinho em cada etapa. E o mais grave é que, infelizmente, em uma parte das mulheres, ainda, o diagnóstico é feito ali, na hora que ela chega na maternidade já em trabalho de parto".
De acordo com a médica, os padrões de tratamento no mundo já mudaram com base nesses resultados, sendo recomendados oficialmente pela OMS e adotados nos Estados Unidos, na Europa e no Brasil.

 informações da Agência Brasil
 Fonte CRFSP

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